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Durante a VIII Jornada Educação a Distância, que aconteceu no dia 12 de maio, na Universidade Santo Amaro (Unisa), em São Paulo, o Pró-Reitor Acadêmico da instituição, prof. Eloi Francisco Rosa, fez a seguinte afirmação:

“a era do conhecimento acabou. Estamos vivendo a era da curadoria”.

O termo, que vem do latim curator, significa tutor, aquele que administra a seu cuidado, sob sua responsabilidade. Inicialmente usado na área do Direito, como o ato de curar, zelar, vigiar por algo, passou também a ser utilizado no campo das artes. Atualmente, nos contextos do ciberespaço e da cibercultura, o termo vem migrando, cada vez mais, para o setor de Educação. Vamos entender o por quê e para quê.

O ciberespaço (termo criado pelo escritor norte-americano William Ford Gibson em seu conto Burning Chrome, de 1982, e, posteriormente popularizado no seu romance Neuromancer, de 1984) se constitui como um novo ambiente de comunicação, de sociabilidade, de organização e transmissão de informações e de conhecimento. Pierre Lévy1, filósofo da informação que se ocupa em estudar as interações entre internet e sociedade, defende que essa “ágora virtual” promove mais trocas de saberes e construção coletiva de sentidos, podendo tornar-se o lugar de uma nova forma de democracia direta em grande escala. A cibercultura2, por sua vez, caracteriza-se pela emergência da Web 2.0 com seus softwares e redes sociais mediados por interfaces digitais. Constitui-se como um novo espaço de acesso e transporte de informações e é o principal canal de comunicação e suporte de memória da humanidade.

É nesse cenário que o termo curadoria se adaptou e vem sendo aplicado de forma bem peculiar na Educação a Distância, que também foi impactada pelos movimentos das redes, de trocas de saberes e socialização, da virtualização do conhecimento, chegando à denominada Educação 4.0. Na era do learning by doing (aprender fazendo), as informações e o conhecimento já estão disponíveis, só precisando ser organizado e sistematizado por alguém com habilidade para definir/apontar o que é importante num dado contexto, para um determinado público e com qual objetivo.

Dentro da sala de aula, o professor é quem tem o papel de escolher, em meio a tanta informação, o que é realmente útil, de forma a auxiliar seus alunos a encontrarem sentido nos materiais e atividades disponíveis. Essa transição de papeis (sai o professor transmissor de informação e entra o professor curador) é defendida por José Moran3 que reforça a função de cuidador para o termo curadoria. Ou seja, o docente atual deve cuidar de cada aluno, dar apoio, acolher, estimular, valorizar, orientar e inspirar.

No contexto de produção de conteúdos para Educação a Distância, a curadoria é aplicada na seleção do melhor formato e recurso (texto, imagem, vídeo, áudio, simulações, tutoriais, jogos, animações , lições, aulas completas, capítulos, livros etc.), para determinadas plataformas (computadores, tablets, celulares) e Ambientes Virtuais de Aprendizagem (Moodle, TelEduc, Adobe Connec, Blackboard etc.),  considerando o público-alvo e suas finalidades (superior, fundamental, técnico, primário, empresarial).

Parece simples, mas não é. O mercado carece de curadores educacionais. Vejamos, como exemplo, o professor. Ele precisa ter, agora, habilidades intelectuais, afetivas e gerenciais (para gerenciar aprendizagens múltiplas e complexas). Isso exige profissionais mais preparados, melhor remunerados e valorizados. Infelizmente, ainda estamos muito distantes dessa realidade.

Na Educação a Distância (EaD), tanto no ambiente corporativo quanto no educacional, replicam-se conteúdos (no tradicional modelo fordista) sem a menor preocupação e entendimento de quem é o público-alvo e de como as informações podem ser úteis para ele. A curadoria, na EaD, precisa ser ainda mais cuidadosa e deve partir do conhecimento prévio da audiência. O conteúdo pode ser excelente, com uma linguagem objetiva, num formato dinâmico e criativo, mas o processo de ensino e aprendizagem pode não ter êxito se for desconsiderado o perfil desse usuário: quem ele é, o que quer e como o conteúdo pode ser aplicado no seu contexto. Não basta selecionar, aleatoriamente, em meio a uma biblioteca de materiais pré-formatados, aquilo que será aproveitado numa disciplina, num curso, ou numa trilha de aprendizado corporativo. É importante pesquisar, analisar cuidadosamente cada conteúdo, verificar se é possível sua adaptação, acrescentar outros materiais, criar recursos que estimulem, no público-alvo, o desejo de querer aprender mais. Uma das habilidades do curador, na EaD, é saber explorar as potencialidades desses acervos e adaptá-los para atingir o objetivo. Para isso, o curador precisa ser criativo, curioso, inquieto no sentido de buscar novos caminhos e possibilidades em meio ao que parece óbvio.

Diante de tantas novidades e recursos, a curadoria aplicada na área educacional ainda tem muitos desafios a superar. Entender o papel e a importância dos curadores é apenas o início do caminho.

Referências

¹ LÉVY, Pierre. Inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. 5. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2007.
²SANTOS, Edméa. Introdução. In: _______ (Coord.). Cibercultura: o que muda na educação. Rio de Janeiro: Programa Salto para o Futuro, TV Escola, Ano XXI, Boletim 03, abr. 2011.
³MORAN, José Manuel. Mudando a educação com metodologias ativas. In: SOUZA, Carlos Alberto de; MORALES, Ofelia Elisa Torres (Org.). Convergências midiáticas, educação e cidadania: aproximações jovens. Ponta Grossa, PR: UEPG/PROEX, 2015. (Coleção Mídias Contemporâneas, v. 2). p. 15–33. Disponível em: <http://rh.unis.edu.br/wp-content/uploads/sites/67/2016/06/Mudando-a-Educacao-com-Metodologias-Ativas.pdf>. Acesso em: 27 maio 2018.

A Autora

Sandra Medeiros é jornalista, especialista em Educação a Distância e responsável pela fanpage EaD em Pauta.

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